A doença foi identificada pela primeira vez a 4 de Novembro de 1906, mas 102 anos depois ainda não tem cura. Um sistema transdérmico permite agora ao doente receber diariamente a medicação através da pele, transformando a forma como se lida com a doença de Alzheimer (DA).
Uma das grandes dificuldades de quem cuida de um doente de Alzheimer é garantir que a medicação é tomada correctamente. Este problema pode ter chegado ao fim com a disponibilização do primeiro e único sistema transdérmico (em linguagem comum, um “adesivo”) para o tratamento da doença de Alzheimer. Colocado uma vez por dia nas costas, tórax ou parte superior do braço permite ao cuidador certificar-se que o doente está a receber a medicação. O sistema transdérmico pode ser usado enquanto o doente pratica as suas actividades normais, nomeadamente quando toma banho, pratica exercício físico, até mesmo natação.
“Fazer com que os doentes de Alzheimer, que perdem gradualmente a memória e não se lembram que estão doentes, tomem medicamentos por via oral é um tarefa árdua para profissionais de saúde e cuidadores que lidam com a doença diariamente. Este sistema transdérmico permite-nos ver se o doente está a receber o tratamento”, Horácio Firmino, Psiquiatra nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Para além disso, minimiza os problemas gastrointestinais e permite manter o doente com uma dose óptima de medicação, uma vez que a substância activa é libertada gradualmente no organismo, conclui.
As náuseas e vómitos, efeitos adversos comuns nas várias medicações administradas por via oral, fazem com que os doentes as rejeitem. Ao permitir uma libertação gradual da substância activa directamente na corrente sanguínea, este sistema transdérmico minimiza os efeitos secundários.
A substância activa presente no sistema transdérmico – a rivastigmina – já existia antes, sendo uma das mais usadas para o tratamento da doença de Alzheimer.
Sobre a Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é uma doença degenerativa das células cerebrais, os neurónios, de carácter progressivo e de causa desconhecida para a qual não existe cura. Quanto mais precoce for o diagnóstico melhor para o doente e seus familiares. A DA é a principal causa de demência e caracteriza-se pela progressiva perda de memória e das funções cognitivas.
O principal factor de risco para o desenvolvimento da doença é a idade – a incidência da Doença de Alzheimer duplica a cada cinco anos após os 60 anos. Os sintomas podem afectar as pessoas de diferentes formas, mas geralmente têm início com a perda de memória. Os doentes conseguem lembrar-se, por exemplo, de uma situação que passaram na sua adolescência, mas esquecem-se do que comeram ao pequeno almoço.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que existam cerca de 18 milhões de pessoas com Alzheimer em todo o mundo. Este número aumenta para o dobro, segundo as estimativas, até 2025 para 34 milhões, principalmente devido ao envelhecimento da população. Em Portugal, segundo dados da Associação Alzheimer Europe, o número de pessoas com demência, rondará os 129 mil doentes. Considerado o peso de 50% da DA nas demências no seu todo, estaríamos a considerar a existência de cerca de 64 mil pessoas. O Plano Nacional de Saúde estima que em 2010 tenhamos cerca de 70 mil pessoas com Alzheimer em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário