20 de julho de 2008

Actividade Mental Modifica o Cérebro


Durante muitos anos acreditou-se que, a partir de certa idade, o número de neurónios não se renovava. Porém, as últimas investigações da neurociência demonstram que o cérebro pode-se regenerar mediante o seu uso e potenciação. A chave chama-se: “Neuroplasticidade”, que significa moldar a mente, o cérebro, através da actividade.

Em Março de 2000, investigadores da Universidade de Londres descobriram que os taxistas dessa cidade tinham uma parte do cérebro, o Hipocampo, região importante para a memória espacial, mais desenvolvida que a maioria das pessoas.

Em 2002 cientistas alemães descobriram o mesmo desenvolvimento na Circunvolução de Heschl dos músicos, área do córtex cerebral, importante para processar a música.

Em 2004 o Instituto de Neurologia de Londres obteve os mesmos resultados, na circunvolução angular esquerda, estrutura cerebral importante para a linguagem, no cérebro das pessoas bilingues.

Estas experiências permitem as seguintes conclusões: os seres humanos podem renovar os neurónios ao longo da vida. O esforço para criar neurónios novos pode aumentar mediante o esforço mental.
Os efeitos são específicos. De acordo com a natureza da actividade mental, os novos neurónios multiplicam-se com especial intensidade nas zonas do cérebro que mais usamos. Isto denomina-se “neuroplasticidade”, isto é, a actividade mental pode moldar a mente, e demonstra a importância de manter actividade mental intensa, ao longo do envelhecimento.

O exercício físico protege a saúde cardiovascular. O exercício cognitivo protege a saúde cerebral e é factor de protecção contra demência e senilidade.
O estudo da neuroplasticidade demonstra que os cérebros das pessoas mais idosas não degeneram, mas têm uma evolução particular, de acordo com a actividade realizada, o que torna essas pessoas “sábias” quando chega a velhice.
À medida que envelhecemos, dá-se, de modo natural, uma deterioração maior no hemisfério direito do que no esquerdo, já que este é o encarregado de colocar em marcha tarefas já aprendidas e consolidadas. Para aprender algo novo necessitamos mais do hemisfério direito, mas quando alcançamos certo nível de perícia, essas actividades passam a ser controladas pelo esquerdo.
Porém, a estimulação cognitiva, que obriga a utilizar o hemisfério direito, é um ingrediente no estilo de vida que ajuda a evitar a deterioração do cérebro.
A corrente científica dominante suporta a afirmação de que a vida mental intensa desempenha um papel essencial no bem-estar cognitivo, nas etapas avançadas da vida.
Daí a conveniência de incluir o exercício cognitivo regular no nosso estilo de vida.

Fonte: Elkhonon Goldberg, Neurologista da Universidade de Nova York, Director do Instituto de Neuropsicología e Funcionamento Cognitivo.

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